quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Reflexões


Por André Rabello dos Santos*

O ser humano é realmente surpreendente. Muitas vezes positivamente, e outras, nem tanto. Somos “vítimas” de um sistema que nos torna competidores, pois não há espaço à sombra para todos, somente os mais “preparados” terão sucesso em dias de capitalismo selvagem.

Temos muita vontade de mudar o mundo, de ver respeitados nossos direitos enquanto cidadãos, apontamos facilmente as falhas deste sistema que permite que a corrupção de órgãos públicos ou sua ineficácia implique em um mundo sem justiça social, enfim, somos muito críticos com os outros e somos um tanto tolerantes com nossas imperfeições. Afinal se eu fiz algo que está fora da norma, foi obviamente uma exceção, que se justifica pela circunstância em que tal ato aconteceu. Devemos pensar coletivamente, ficar atentos as injustiças de toda ordem, mas algo fundamental deve ocorrer para podermos contribuir de forma efetiva para uma mudança no comportamento social; devemos fazer uma autoanálise antes de qualquer coisa. Sei todos meus direitos, mas será que conheço e cumpro todos os meus deveres enquanto cidadão?

Fazendo a transposição desta análise para o mundo do trânsito, do deslocamento e compartilhamento do espaço público em nossos deslocamentos, o desafio está em parar de somente apontar os defeitos e desníveis de nossas ruas, avenidas e estradas (embora às vezes sua má conservação seja determinante para a ocorrência de sinistros), ter mais cuidado ao culpar os agentes de trânsito e os pardais pelo número de autos de infração que realmente cometemos (sabemos que há exceções e injustiças, mas elas são minoria frente ao grande número de irregularidades cometidas diariamente nas ruas e avenidas do Brasil afora), não se especializar em decifrar quem foi o culpado pelo acidente que acabou de ocorrer (o interessante é saber o que podemos fazer para evitar que ele ocorra, independente de estarmos em nosso direito de preferência ou algo assim). O sistema trânsito reflete como um espelho, nossas relações sociais, como procedemos enquanto cidadãos.

Enfim, todos podemos ser protagonistas na construção de um novo comportamento, basta estarmos dispostos a nos desvencilhar de velhos hábitos adquiridos ao longo de nossa jornada e nos comprometermos de verdade com esta causa tão nobre, a valorização da vida.

*Agente de Fiscalização da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC